Por Juliana Bandeira
De acordo com o vice-presidente do Clube de Orientação Extremo Leste (Corele), Waldson Estrela, a Confederação Brasileira de Orientação só considera a prática do esporte, como competição, quando disputada individualmente. "Já ocorreram outras provas noturnas no Brasil, mas os atletas sempre competiram em duplas ou trios. Aqui, no Sesc Gravatá, estamos fazendo história porque pela primeira vez os orientistas participarão da corrida, disputando de forma individual".
Durante o "briefing", reunião entre os organizadores da prova e os atletas participantes, que acontece momentos antes da largada, o representante do clube pioneiro na realização da prova noturna na Paraíba, agradeceu, sem conter a emoção pelo feito, a todos os 75 atletas que se inscreveram na competição.
Após os agradecimentos e algumas explicações sobre os percursos e o terreno, aproximadamente às 19h30, foi dada a largada para os atletas da categoria "Percurso Longo", com o nível de dificuldade maior, assim como maior quantidade de prismas para serem localizados. Em seguida, foi a vez dos atletas do "Percurso Médio" e por fim do "Percurso Curto". Além da bússola, e do mapa do terreno, era obrigatória a utilização de lanterna, por parte dos competidores.
A prova seguiu o estilo "fazenda", isto é, os pontos eram dados na carta (mapa) de acordo com cada percurso, mas o atleta tinha liberdade para escolher a sequência dos prismas, definindo assim a melhor estratégia para passar por cada um deles, no menor tempo possível.
"Como praticante e apaixonada pelo esporte, não poderia ficar de fora da competição e trago o testemunho de uma das provas mais estigantes que já participei. O atleta de Orientação, por essência, tem que se preocupar em não errar os caminhos que percorrerá para alcançar os prismas; prestar atenção em todo terreno à sua volta. No escuro, o seu nível de atenção tem que ser triplicado, por qualquer descuido, você pode perder a entrada de uma trilha, ou o início de uma cerca, ou até um objeto em particular que lhe orientariam para a chegar ao ponto desejado. Os momentos de maior adrenalina, são com certeza, quando você se vê sozinho, em trilha de mata fechada, no silêncio, e no escuro. Sem dúvida, emocionante. Ainda mais quando no percurso, você avista, o prisma que procurava: apenas um pontinho luminoso, verde fluorescente na escuridão".
Juliana Bandeira
Quer ter uma ideia de como é? Assista o vídeo a seguir e imagine como seria à noite.
Confira, abaixo, o resultado do I Vaga-Lume:
Para quem ainda não está preparado para encarar um prova noturna, mas ficou com vontade de experimentar o esporte, a Federação Paraibana de Orientação (FOP) promove durante o ano inteiro as provas do Campeonato Paraibano. No dia 11 de setembro será realizada a 5ª etapa da competição, em local ainda não definido, mas o "PB na Pilha" vai estar ligado para divulgar a informação assim que estiver disponível.
Saiba mais sobre Corrida de Orientação
O nome da modalidade já diz muita coisa a respeito de um dos esportes que mais cresce na Paraíba, especialmente por se tratar de uma atividade aberta a todas as faixas etárias e a ambos os sexos. No estado, crianças a partir de 6 anos até senhoras atletas de mais de 60 praticam o esporte, inclusive em competições.
A corrida de orientação não exige um condicionamento físico excepcional dos iniciantes, até porque, apesar do nome “corrida”, os primeiros passos nas pistas de competição podem ser dados numa simples caminhada. É o próprio atleta quem vai decidir seu ritmo. O objetivo principal é realizar o percurso determinado no menor tempo possível, mas se o atleta não souber se orientar, utilizando uma bússola e o mapa do terreno, de nada vai adiantar muita correria.
A orientação como esporte é geralmente praticada já nas competições. É muito comum uma pessoa que nunca havia praticado a modalidade antes, já iniciar-se no esporte participando de uma competição. Isso porque com algumas instruções básicas sobre leitura de mapas e sobre como utilizar uma bússola, qualquer pessoa fica apta a encarar um percurso simples, que chega no máximo a 2,5 km . Quem não se sentir muito seguro, mesmo com as instruções, pode encarar o desafio em dupla, com algum amigo.
No início de cada prova, o orientista recebe um mapa com as características do terreno e com referências que vão fazê-lo perceber qual sua exata localização. Por exemplo, se a prova acontece em um local próximo à praia, o orientista vai conseguir distinguir no mapa para que lado está o mar, o tipo de vegetação que cerca o terreno, possíveis inclinações como as falésias e até as construções feitas pela população local, como cercas, muros, postes, estradas, casas e ruínas. De posse de uma bússola, obrigatória para cada atleta, a orientação é ainda mais facilitada.
No mapa, estarão marcados pontos específicos no percurso de cada um, os chamados “prismas”. Eles funcionam como pontos de controle. Cada atleta tem que encontrar e marcar em um cartão os prismas que constam no mapa de seu percurso. Na Europa, onde o esporte é muito difundido, inclusive com competições urbanas, e até nas grandes competições nacionais, esse controle é feito através de cartões magnéticos ou chips. Até o ano passado, na Paraíba no prisma havia uma espécie de grampeador, com formatos de "picote" diferentes para marcar os cartões dos atletas. Em 2011, foi adotado no estado o sistema de chips, mais precisos e ágeis para apuração do resultado . O objetivo é terminar o percurso com o menor tempo possível, tendo encontrado todos os prismas apontados no mapa. Uma espécie de caça ao tesouro.
Se você achou que para obter vantagem é só ficar na cola de alguém se enganou. Cada atleta tem um percurso diferente a depender da categoria a que pertence, distribuídas por sexo e faixa etária. Atletas da mesma categoria nunca largam ao mesmo tempo.
Desde 2007, atletas de várias equipes disputam o Campeonato de Orientação Paraibano, com pelo menos 6 etapas em cada ano. As provas já aconteceram em locais do litoral sul, como no Conde, em Bananeiras, Campina Grande, Alhandra e em João Pessoa. Os organizadores de cada etapa sempre procuram locais onde o terreno seja o mais diferenciado possível, com partes de vegetação rasteira e também de mata fechada, na praia ou próximo a rios, com charcos; enfim, tudo para que o orientista tenha mais dificuldade e também muito mais diversão. A ideia é liberar o Indiana Jones que existe em cada um.
Rildo Ferreira, um dos integrantes do Clube Rumos e Rotas, responsável pela organização de várias provas, revelou que a escolha do local é um passo muito importante para o sucesso da etapa. “Para mim o local onde a prova será realizada tem que ter, em primeiro lugar, uma acomodação adequada para as famílias e os acompanhantes dos atletas. O orientista pode passar horas em uma prova, por isso é importante que sua família tenha o mínimo de conforto para esperá-lo, como um local com sombra e banheiros.”
Os quatro circuitos já disputados na Paraíba tiveram o Clube Neblina de Orientação como campeão geral. O tetracampeonato veio com a soma dos pontos conquistados por cada um dos cerca de 70 atletas que já correram pelo clube. De olho no penta, um dos integrantes do clube, Adroilzo Fonseca, fala sobre o bom desempenho da equipe e a importância de sempre estar trazendo novos atletas para o esporte.
“Acredito que o segredo do sucesso do Clube é estar sempre buscando novos praticantes para o esporte. Temos orientistas correndo pelo Neblina desde as categorias de base até as mais avançadas. Em 2011, temos como o penta como meta, mas também almejamos sempre a conquista de novos adeptos”, explicou.
Geralmente, a para inscrever-se em uma corrida de orientação, o atleta paga uma taxa de R$20 a R$ 26. O principal equipamento que deverá ser adquirido para a prática do esporte é a bússola, cujo preço gira em torno de R$ 30 a R$ 40.
Geralmente, a para inscrever-se em uma corrida de orientação, o atleta paga uma taxa de R$20 a R$ 26. O principal equipamento que deverá ser adquirido para a prática do esporte é a bússola, cujo preço gira em torno de R$ 30 a R$ 40.
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